25 de janeiro de 2008

A Sala dos Espelhos: Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett



Na quarta-feira decorreu a palestra sobre "A Sala dos Espelhos: Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett", proferida pelo professor doutor Gabriel Magalhães, da UBI.
O tema da obra de Almeida Garrett retrata a vida de D. Manuel Coutinho e da sua esposa D. Madalena de Vilhena, uma mulher muito supersticiosa, que acredita que qualquer sinal fora do normal é uma chamada de atenção para acções futuras, um presságio. D. Manuel, um homem corajoso e patriota, possuidor de um grande amor por Madalena, não se importa com o passado da sua esposa, mas esta vive com muitos receios quanto ao facto do seu primeiro marido, D. João de Portugal, possa estar vivo, apesar de ter sido supostamente morto na batalha de Alcácer Quibir.
D. João de Portugal acaba mesmo por regressar a Portugal tornando ilegítimo o casamento de Madalena com D. Manuel. Este facto valoriza o amor, mesmo contra os ideais sociais da época.
O dramatismo desta obra é mais acentuado quando o autor concede ao casal uma filha, Maria de Noronha, uma jovem que sofre de tuberculose. Pura, ingénua, curiosa, corajosa, perfeitamente inocente dos actos dos seus pais é a personificação da própria beleza e pureza, que se consegue originar mesmo num casamento condenável. É-lhes concedido também um aio, Telmo Pais, leal ao seu antigo amo, D. João de Portugal. Para além de ser contra o segundo casamento de D. Madalena é conselheiro atencioso e prestativo e tem um carinho enorme por Maria.
O desfecho da obra é originado por Manuel de Sousa que incendeia a sua casa a fim de não alojar os governadores. Ao perceber que D. Manuel destruíra a sua própria casa, Madalena toma esta situação como um presságio, pressentindo que iria perder D. Manuel tal como perdeu a sua casa e o seu quadro. Consequentemente, Manuel vê-se forçado a habitar na residência que dantes fora de D. João de Portugal. Este regressa à sua antiga habitação, como romeiro, e frisa as apreensões de Madalena ao identificar o quadro de D. João. Com esta revelação, o casal decide ingressar na vida religiosa adoptando novos nomes: Frei Luís de Sousa e Sóror Madalena. O conflito desenvolve-se num crescente até ao clímax, provocando um sofrimento (pathos) cada vez mais cruel e doloroso.
Esta obra está tão bem organizada que nada se pode suprimir sem que se altere o conflito e o respectivo desenlace.
Considera-se um drama romântico pois possui algumas características de um clássico: o nacionalismo, o patriotismo, a crença em agoiros e superstições, o amor pela liberdade (elementos românticos); indícios de uma catástrofe, o sofrimento crescente, o reduzido número de personagens, peripécias, o coro (elementos clássicos).
Para ter acesso a este clássico da Literatura Portuguesa em suporte pdf aqui.
A actividade foi dinamizada pelo núcleo de estágio de Português/Inglês.

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