13 de dezembro de 2006

Centenário de Rómulo de Carvalho (António Gedeão)

Centenário de Rómulo de Carvalho (António Gedeão)





Comemora-se, como todos se recordam (!) este ano, 2006, o centenário do nascimento de Rómulo de Carvalho, professor, poeta, pedagogo.
O seu contributo para a cultura em Portugal é inegável e relevante, assim como o contributo mais directamente ligado às ciências.
O Ministério da Educação enviou um cartaz às escolas sobre este autor, que contém um auto-retrato de Rómulo de Carvalho, feito em 1958. Procura-o na nossa escola!
Uma pista: vai até à BE/CRE. Elabora com os teus colegas de turma um trabalho sobre o autor e esta efeméride e entrega-o ao teu Director de Turma ou professor do Clube do Jornal.
Descobre mais sobre este vulto, que para além de cientista era também poeta.
O Breves_online deixa aqui o testemunho de como a arte e a ciência se podem cruzar:



Poema para Galileo

(...)Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar - que disparate Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação -
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa
ou que um seixo na praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
(...)Por isso estoicamente, mansamente,
resistente a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa dos quadrados dos tempos.


Lágrima de Preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima para analisar.

Recolhi a lágrima
Com todo o cuidado
Num tubo de ensaio
Bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro
nem vestígios de ódio,
água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

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