26 de fevereiro de 2011

José Miguel na TV


O José Miguel continua a fazer sucesso nos corredores e nas salas da ESCM com os seus truques de magia...cada vez mais extraordinários. Desta vez o seu talento chegou à TV. Onde será que ele irá chegar?!
A Escola Campos Melo...uma escola de talentos!!

24 de fevereiro de 2011

(N)O caminho do Acordo Ortográfico - Etapa III

Unidade na Diversidade

Com o tema em epígrafe terminamos a série de "perguntas frequentes" sobre o Acordo Ortográfico. Esperamos ter dissipado algumas dúvidas de carácter geral.

O acordo ortográfico implica que Portugal, o Brasil e os PALOP passem a adotar a mesma norma linguística?
Não. O que se unifica é apenas a ortografia. Os aspetos que distinguem as normas linguísticas portuguesa e brasileira mantêm-se inalterados. Os restantes PALOP seguem a norma linguística portuguesa.

Se nos PALOP se escreve e fala como em Portugal, por que foi necessário celebrar um acordo ortográfico com eles?
Portugal não é dono da língua portuguesa. Para além disso, as nossas antigas colónias são hoje países independentes, aos quais não podemos impor modos de falar ou de escrever. Daí a necessidade de acordo.
.
Este acordo ortográfico significa que vamos passar a escrever como no Brasil?
Não. No entanto, muitas das simplificações ortográficas que adotámos com esta revisão, há muito que vigoram no Brasil e talvez esteja aí a raiz desta polémica.
Para lá de uma ortografia comum, ambos os países manterão diferentes as suas normas linguísticas, bem como as suas tradições ortográficas.


in Manual Escolar 2.0


De facto, para além das medidas uniformizadoras, este Acordo legitima formas diferentes para cada uma das normas - Português Europeu e Português do Brasil -, isto é, mantem-se grafias diferentes para cada norma, por exemplo: António/Antônio, bebé/bebê,...

Nos próximos postes veremos as mudanças com mais pormenor.

Com este Acordo continua, assim, assegurada a diversidade e a riqueza da Língua Portuguesa, como a cantam as Vozes da Rádio neste Samba do Acordo Ortográfico .





Elsa Duarte e Maria José Ivo - Professoras de Português do 10º Ano

Nota: O presente texto está escrito de acordo com as novas regras ortográficas.

22 de fevereiro de 2011

Ciclo de Cinema e Diálogo Filosóficos

Se a película de 35milímetros foi a grande bitola das primeiras experiências cinematográficas, a palavra foi desde sempre a das relações humanas. Aliar o cinema ao diálogo torna-se cada vez mais necessário. Por tudo isto, o núcleo de estágio de filosofia da Escola Secundária Campos Melo organiza o Ciclo de Cinema e Diálogo Filosóficos, intitulado justamente "35mm de Diálogo", com vista a promover entre os alunos a capacidade de uma reflexão transversal sobre a importância da imagem e da palavra. Este Ciclo de Cinema e Diálogo realiza-se nos dias 22, 23 e 25 de Fevereiro de 2011, no horário a que corresponde a leccionação da disciplina, no auditório da Escola. Dada a interdisciplinaridade que este Ciclo pretende promover, o convite estende-se a toda a comunidade escolar.

Vanessa M. Martins

19 de fevereiro de 2011

(N)O caminho do Acordo Ortográfico - Etapa II

Já houve outros acordos ortográficos no passado? Então, por que continua diferente a forma de escrever no Brasil?

Sim, já houve acordos.
Portugal e Brasil sempre se procuraram entender em matéria de ortografia, sobretudo em publicações oficiais e no ensino. Essas tentativas ocorreram em 1915, 1931, e 1943.
No entanto, o dinamismo linguístico brasileiro e o afastamento geográfico entre os dois países foram enraizando no país irmão formas de escrever que se aproximavam do modo como lá se falava, o que tornava incumprível qualquer acordo que se fizesse com Portugal.
Por outro lado, houve algumas decisões unilaterais, tanto por parte de Portugal como por parte do Brasil, que acabaram por alimentar as diferenças ortográficas que hoje se atenuam com este acordo.
A forma diferente de escrever faz-se sentir sobretudo a nível sintático, embora também existam diferenças ao nível lexical e semântico, e resulta essencialmente do facto de o Brasil se reger por uma norma linguística diferente da portuguesa.
O que este acordo procura fazer é justamente procurar aproximações entre as duas normas através do uso de uma ortografia comum.



Independentemente dos acordos e desacordos entre Portugal e Brasil, a ortografia da nossa língua foi-se alterando ao longo dos séculos, sempre na tentativa de verter na escrita, o mais fielmente possível, o que se pronuncia na fala.
Ora observemos!


Mudanças Ortográficas da Língua Portuguesa
através dos tempos
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Daqui

Elsa Duarte e Maria José Ivo - Professoras de Português do 10º Ano
Nota: O presente texto está escrito de acordo com as novas regras ortográficas.

18 de fevereiro de 2011

Oficina de Escrita - Português-10º Ano

 Texto de Apreciação Crítica

 Imagem daqui

     Quando a biografia de John Grogan me foi recomendada não tinha grandes expectativas acerca da mesma. Confesso que, para mim, “Marley & Eu” era apenas mais uma história, de mais um animal. No entanto, sou levada a admitir que este foi dos melhores livros que já li.
    Trata-se da história da vida de John Grogan, conhecido colunista, com Marley, o seu labrador retriever. São as aventuras e emoções que este animal concede à sua família que “prendem “ os leitores. Marley roía tudo o que aparecesse à frente, roubava roupa, destruía paredes e tinha o dom de levar os donos à loucura. Mas nem com este comportamento ele deixa de ser amado por todos. Marley morre com 14 anos, deixando a família desolada mas também uma lembrança eterna no coração dos seus donos.
     O que o torna um bom livro é o facto de o autor retratar todo o amor, toda a lealdade, carinho e toda a alegria da sua vida com o cão. É o facto de nos mostrar que, muitas vezes, é um simples ser de quatro patas, e que se baba para cima das pessoas, que nos mostra que são as coisas mais simples e os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espectacular. O que o torna um bom livro, capaz de amolecer até quem não gosta de animais, é, ao fim ao cabo, o autor falar das suas vivências com o seu fiel amigo. Sem tirar sem pôr: é mostrar que o amor de um cão pode fazer de nós pessoas melhores, pessoas mais felizes.
    Como diria Grogan “um cão não se interessa em saber se somos ricos ou pobres, educados ou iletrados, burros ou inteligentes. Dêem-lhe o vosso coração que ele dar-vos-á o seu”. E é bem verdade!

Márcia Poeta, nº 17, 10º C

17 de fevereiro de 2011

O Zé Botarras

— Já saiu toda a gente, Alice?
— Suponho que sim, D. Alda... só não vi no Cantinho da Leitura.
Efectivamente, a um canto, alguém estava debruçado sobre um livro, indiferente às horas de saída. Era o José Miguel.
Zé Botarras para os amigos. Migas para a mãe. E simplesmente José para o pai. Frequentava o 10º ano numa das secundárias da terra e já não era a primeira vez que a funcionária via aquele corpo esguio, vestido de preto, sentado ali naquele canto da biblioteca.
Agora que o via de pé, Alice lembrava-se que aquela mesma figura lhe tinha despertado a atenção há dois ou três dias atrás. O mesmo corte de cabelo, o mesmo blusão e aquele pormenor da tira de cabedal no pulso. Alice estava certa. Só achava estranho aquele isolamento. Sim, porque além de ir sozinho, só procurava a biblioteca em horas mortas.
— Vá lá, menino! Tencionas dormir cá? Se quiseres, podes requisitar o livro e acabar de lê-lo em casa.
Que não, mas “muito obrigado” e que desculpasse aquele esquecimento... havia livros assim! Não saiu sem repetir novamente o pedido de desculpas. A um canto, D. Alda assistia interessada àquelas cortesias algo despropositadas num rapaz de estranha aparência.
— Delicado este rapaz!
— É verdade, D. Alda — dizia a Alice encaminhando-se para a porta de saco na mão. — Não é todos os dias que se encontra um rapaz com aquelas maneiras. Mas reparou naquelas botarras?! Parecem do exército! Bem... ainda demora?
— Vou só dar uma espreitadela, não vá ficar alguma coisa ligada. Vá andando, Alice, saio já atrás de si.
Diligente, a bibliotecária confirmou as luzes e as janelas e, quando passava pelo Cantinho da Leitura, reparou numa folha solta sobre a carpete. Impressa, páginas 31/32 de qualquer livro... mas de qual? Virou-a dos dois lados, mas não havia indicação de título ou autor. Soltou-se, concluiu a bibliotecária com a folha na mão; os livros de hoje já não são o que eram, ou então o defeito era das mãos dos leitores, bem mais bruscas hoje em dia. Optimista, preferiu pensar que o problema era da segurança das lombadas e já congeminava uma forma de tirar partido pedagógico da situação.
Simples: promovia um concurso para descobrir o pé da Cinderela. Sim, porque em 22 000 volumes, era difícil descobrir qual o livro que não tinha as páginas 31/32 e, quem quer que tenha sido, havia folheado nesse mesmo dia o exemplar. Apelaria, assim, à descoberta e com direito a prémio. Com este novo projecto na cabeça, deixou, finalmente, a biblioteca.
Era Inverno, escurecia mais cedo e a vila enchia-se de luzes. Nas ruas e nas casas. No quarto, José Miguel aguardava que a mãe acabasse o jantar. Tinha, como sempre, programa à noite com os colegas e, apesar de se perder nas horas com os livros, gostava de pontualidade nos encontros com os da sua idade, para depois se perder também nas horas com eles. A mãe bem recomendava “Volta às onze, o máximo”, mas davam muitas vezes as doze badaladas e o José Miguel sem estar em casa. Aos fins-de-semana a situação piorava em pouco. A mãe, habituada até aí a um filho reservado, mas cumpridor e pacato, atribuía às recentes companhias do filho a razão dos seus hábitos nocturnos.
— O Migas mudou muito — era a sua voz a desabafar para o marido — desde que se meteu com aquele grupo do Bairro dos Cabeçudos. Se era calado connosco, mais calado ficou. E a roupa, Chico... só lhe lavo e passo peças pretas! Salvam-se as cuecas no meio daquela rouparia toda. E o cabelo?!... E a linguagem... Por acaso já o ouviste falar ao telefone?! Parece conversa de latrina, quase outra língua!
— São fases, Assunção! — conciliava o marido, sem deixar de olhar para o jornal desportivo. — Mais uns anitos em cima e tudo isso passa. Quando andar na universidade...
— Se não se perder pelo caminho! Eu não o vejo pegar num livro e olha que as notas do 1º período não foram grande coisa!
— Está numa escola nova... e olha que o rapaz lê! Sabes de onde é que o vi hoje sair às seis e tal? Da Biblioteca Municipal! Isso mesmo! O teu rapaz também anda metido com livros. Se calhar, agora no quarto, está de volta deles!
— Ou a olhar para o relógio à espera da hora de jantar! Ele quer é sair! — arriscava, não convencida, a D. Assunção.
Enganavam-se os dois. José apareceu nesse momento à entrada da cozinha, reclamando pela escova de engraxar calçado. É que estivera de volta das botas e gostava delas a brilhar.
— Deves querê-las que nem espelhos para penteares essa madeixa! A escova está ali junto do tanque — diz a mãe, tirando as últimas batatas da fritadeira.
Que deixasse o cabelo e as botas... e acabasse antes o jantar, que a fome apertava.
— E os amigos também!... ‘Tá bem, vamos lá para a mesa!
Jantaram calados e José saiu. Lustroso, madeixa a preceito, fez-se a caminho da casa do Sampaio. Dali partiram para o café da Estrelinha onde o grupo já devia estar. A música estava ligeira nessa noite, ainda menina, e, entre cigarros e cervejas, foram desfiando as aventuras da tarde. O Teixeira tinha estado a curtir umas músicas do último CD dos Nirvana... com a miúda, claro!... Onde?! Onde havia de ser?!! Na sala de estar dos Teixeiras, óbvio! O Alferes tinha andado de volta do trabalho de História que já deveria ter sido entregue há duas semanas. Que seca!... Limitou-se a copiar umas coisas de uma enciclopédia... e nem capa punha... o Macaco-pré-histórico não merecia mais! O Sampaio tinha andado a experimentar a Scooter da Nelas e tinha dado cá um speed na Av. 25 de Abril! As miúdas não sabiam apert ar no acelerador!
— E o Zé Botarras? A cismar com a Rosa, hem?!
Que nem pensasse nisso, toda a tardinha em conversa com uns tipos porreiraços que não via desde o ciclo.
— Quem? Chuta daí, ó Zé! — insistiram os colegas. Limitou-se a responder que não conheciam. Da ida à biblioteca nem uma palavra. O que diriam dele! Há coisas que não se podem dizer em nenhum sítio. Mesmo assim, com todas as suas cautelas, já tinham descoberto a sua paixoneta pela Rosa. Só porque um dia o apanharam a desenhar um botão. Que coisa mais careta! P’ró que lhe havia de dar: desenhar e pintar uma rosa! E tinha ficado linda! Fraquezas perigosas para um adolescente de 15 anos... de negro vestido. O que não diriam eles se soubessem que costumava gastar três ou quatro horas por semana na biblioteca?! Um perfeito betinho! Ainda por cima a ler letra miúda. Ainda se fossem revistas musicais ou Banda Desenhada! Estava decidido... nem uma palavra para eles. Até porque se divertia à brava com esta trupe do Bairro dos Cabeçudos. Fixes! Loucos a valer!
No outro dia, à mesma hora, lá estava o José Miguel na biblioteca. Precisava de ler o último livro de Tom Sharpe e tinha mais descanso ali no fim da tarde, sem os amigos ou a mãe por perto. Depois... andar com um livro debaixo do braço não fazia o seu estilo e sabe-se lá o que a Rosinha diria se o encontrasse.
— Com que então a acabar de ler o livrinho! — pergunta-lhe a Alice sorridente, reconhecendo o cliente atrasado do dia anterior. — Olha, dá uma vista de olhos ao anúncio do concurso que está no átrio. Pode ser que ganhes, já que és um leitor assíduo!
José Miguel desejava que esta última frase tivesse sido mais discreta. Sabe-se lá quem poderia tê-la ouvido na sala. E estava na sua hora de clandestinidade. Concurso... foi ver o que dizia.

PÁGINA SOLTA
À PROCURA DO SEU LIVRO

Queres ajudar esta página? Soltou-se do seu livro e foi encontrada desolada e órfã no chão da biblioteca. Se fores um leitor atento, podes dar-lhe uma ajudinha!

COMO?

Talvez pelo tipo de linguagem
Talvez por referências dispersas do texto

Vai eliminando hipóteses:

§ ficção ou ensaio?
§ nacional ou estrangeiro?
§ recente ou antigo?

Se descobrires ou quiseres dar um palpite, escreve num comentário.

Formou-se uma roda de jovens em torno do cartaz e, pelas expressões, ninguém parecia reconhecer a página. Apenas José Miguel examinava com atenção o texto, detendo-se nalguns nomes que lhe pareciam familiares. Mas sentia-se comprometido naquele grupo e afastou-se. Pediu à funcionária que lhe facultasse uma fotocópia da página e foi para o lugar. D. Alda tinha pensado em tudo – havia um pequeno número de cópias para o concorrente mais reflexivo.
O Wilt de Tom Sharpe ficava para mais tarde. Tinha de resolver primeiro este enigma. Pegou na folha, puxou de um lápis e começou a sublinhar palavras; de vez em quando levantava a cabeça, voltava a página, lia do outro lado, mordia na ponta do lápis e, numa mordidela mais profunda, a cara iluminou-se-lhe de revelação. Teria descoberto? Levantou-se, dirigiu-se às estantes de literatura estrangeira e começou a varrer com os olhos os títulos. Parecia ter encontrado a prateleira certa e, com o auxílio do dedo, separava os livros um a um. Tirou três: o primeiro tinha as páginas 31/32, o segundo também e o terceiro... lá estava! Sem a dita folha. O sapatinho de cristal tinha acabado de entrar no pé! Satisfeito, dirigiu-se ao gabinete da bibliotecária e bateu delicadamente à porta.
À sua frente, D. Alda tinha o jovem simpático do dia anterior. Com o livro na mão.
— Parece que descobri! — limitou-se a dizer o rapaz.
— Bravo!... Os marginais de S. E. Hilton. Já tinhas lido?
— Há uns tempos atrás, li os dois livros da autora publicados em português: Tex e Juventude inquieta. Este ainda não. Foi através de algumas palavras das páginas que cheguei lá.
— Explica-me como foi...!!! — D. Alda esperava que ele se identificasse.
— José, José Miguel. Repare aqui na página 31 — e mostrou-lhe na página rabiscada o fio da sua dedução. — ‘Tá a ver aqui estas palavras inglesas... Cherry... Ponyboy... só podia ser ficção inglesa... ou então americana! Mais cá em baixo... aqui está rodeo, era americana! Depois o estilo de escrita é vivo, cheio de diálogos e coisas assim... tinha de ser livro recente e para malta, digo, gente da minha idade. Depois fala-se aqui de seitas de jovens que lutavam nas ruas e isso fez-me lembrar um filme do... Coppola... Francis Ford Coppola, que vi recentemente na televisão, por sinal baseado neste livro. Foi nessa altura que fui à estante e não foi difícil dar com ele... precisamente aquele que não tinha lido!
— Brilhante, José Miguel! Amanhã podes passar por cá para receberes o prémio. Um livro, se não te importas.
Não se importava nada. Agradecia-lhe muito. Foi satisfeito para o lugar e mais satisfeito ficou quando se encaminhava para casa, meia hora mais tarde. É que tinha visto a Rosa e tinham-se cumprimentado. Ela trazia o cabelo apanhado, como ele gostava, e a rapariga prometera-lha um poster dos AC/DC de que ele não gostava, mas ela pensava que ele gostava. E ele precisava de gostar do que ela e os amigos gostavam para todos gostarem dele. E ele gostava de livros (alguns, claro!), e os outros... não!
Este conflito de gostos dilacerava-lhe a cabeça. Quem era ele, afinal? O que os outros esperavam dele ou o que ele próprio sentia? Será que podia continuar a ser dois ao mesmo tempo? Tinha mesmo de se esconder dos outros para ler? Ser... parecer... “to be or not to be”... chegado a esta essência filosófica, começou a sentir-se mais forte, com uma personalidade para afirmar. A começar por casa. Nessa noite ao jantar, afirmou-se na carne estufada. Estava rija e demasiado apaladada. Não comia!
Quando se encaminhava mais tarde para casa do Sampaio, afirmou-se numa pedra e chutou. Azar. Não lhe calculou bem o tamanho e, apesar das suas botarras, magoou-se no dedo grande. Sentou-se num banco ali perto para amansar as dores e repensar as suas afirmações.
Ele queria ser ele próprio mas... a carne assada da mãe não tinha culpa e muito menos a pedra. Onde estava, afinal, o seu problema? Olhou para as horas. O amigo não gostava de esperar. Juntou-se ao Sampaio, ao Teixeira e ao Alferes e a todos os outros que apareceram no Café Estrelinha. As conversas do costume, que são, afinal, as da sua idade. Para quê debates?!
— Agora vamos todos p’rà garagem do Serafim! Um assalto! O gajo tem lá música da pesada.
E foram e José Miguel gostou. A sua mãe um pouco menos, porque esteve acordada até às duas da manhã. No outro dia teve aulas até às 17.30. Ainda passaria pela biblioteca para ver o livro que a D. Alda lhe reservava de prémio. Desculpou-se como pôde com os amigos e apressou o passo. Junto ao largo que dá acesso à biblioteca, avistou a Rosa que vinha na mesma direcção. Parou, voltou para trás e... uf!... perdeu-a de vista. Que encontro mais inconveniente!
Subiu, enfim, as escadas e dirigiu-se para o gabinete da bibliotecária. Lá estava sobre a secretária o embrulho da sua prenda. Os marginais, que tinha descoberto no dia anterior.
— Como foi o único da autora que ainda não leste, achei que irias gostar — diz-lhe ela.
E tinha mesmo gostado. Marginais. Marginais como ele, afinal, que fazia dos livros um ghetto clandestino. Tinha de... Alto aí! Através do separador envidraçado do gabinete, avistou um rabicho conhecido na sala de leitura. Era a Rosa. A Rosa na biblioteca. José Miguel nem queria acreditar. Saiu do seu ghetto e dirigiu-se ao lugar da rapariga. Sentou-se à sua frente. Ela olhou-o espantada:
— Tu por aqui?! Olha que não te trouxe o poster! Não fazia a mínima ideia de te encontrar aqui!
— Esquece o poster. Afinal, já não o quero. Já não cabem nas paredes e preciso até de limpar o quarto. Ainda demoras aqui?
— Um bocadito. Preciso de procurar um livro na estante para levar para casa — respondeu a Rosa sem entender muito bem aquela do poster.
— Se quiseres este, empresto-to. Acabo de o receber agora como prémio. Foi a bibliotecária que mo deu agora mesmo.
— Mas vens muito aqui? — Rosa cada vez o entendia menos.
— Sim, sim... — e dava pormenores. — Olha, no outro dia, até me esqueci das horas e foi a funcionária que...
Pelo caminho para casa, José Miguel foi-lhe revelando a sua faceta escondida. O seu outro lado secreto, e Rosa até achava aquilo engraçado. Despediram-se com um aperto de mãos mais prolongado. Ao jantar mastigou bem a carne, desta vez sim, um pouco rija! A caminho da casa do Sampaio, já não chutou em pedras. É que tinha acabado de engraxar as botas. O Zé Botarras!
Natália Caseiro
Os devoradores de livros
Leiria, Editorial Diferença, 1999
(adaptação)

via A Equipa Coordenadora do Clube das Histórias
http://es@contadoresdehistorias.com

12 de fevereiro de 2011

(N)O caminho do Acordo Ortográfico - Etapa I

O que é isso do Acordo Ortográfico?



Porquê um Acordo Ortográfico?

Qual a razão que nos levou a estabelecer um acordo de revisão ortográfica com o Brasil? Afinal, não falamos todos Português?
Não houve apenas uma razão, mas várias. Uma delas foi, sem dúvida, evitar que a língua se começasse a escrever de modo diferente nos diversos países de expressão portuguesa e outra, intrinsecamente ligada à anterior, prende-se com a intenção de criar um vasto espaço de língua portuguesa, relevante em termos económicos, que permita a circulação de publicações escritas numa ortografia comum.
Para lá destas razões, há também outras de natureza cultural e de afirmação política que interessam a todos os envolvidos, visto que o acordo não é apenas celebrado com o Brasil, mas com todos os outros países de língua oficial portuguesa.

Há quem diga que não era necessário acordo ortográfico nenhum: bastava que em Portugal se fizessem as alterações ortográficas sem envolver os outros países.
Afinal, não há nenhum acordo ortográfico entre os países que falam Inglês e todos se entendem. Será assim?
Nada nos obrigava, de facto, a estabelecermos um acordo ortográfico com os PALOP e o Brasil.
No entanto, na sua base está o argumento de que se o não fizéssemos deixaríamos campo aberto à influência brasileira sobre os restantes países de língua portuguesa, o que acabaria por se refletir na própria projeção internacional da língua – muito mais vista como a língua do Brasil que a de Portugal.
Por outro lado, este acordo retarda a fragmentação ortográfica que poderia rapidamente resultar em tantas línguas portuguesas quantos os países que a falassem reduzindo o Português que aqui falamos a uma espécie de dialeto – um pouco o que passa com a atual língua galega.
Este acordo também convém ao Brasil, a quem não interessa, tanto em termos políticos como culturais, que a língua que fala se transforme em “brasileiro”, afastando-o da esfera de uma comunidade linguística espalhada por todos os continentes.
O caso do Inglês é diferente. Em primeiro lugar, porque é impossível unificar uma ortografia em dezenas de países que a têm como língua oficial; e em segundo, porque a sua internacionalização funciona justamente como elemento unificador. Todos reconhecemos alguém que fale Inglês, mesmo que o faça com pronúncia do Zimbabué, da Papua Nova Guiné, do Canadá ou da Nova Zelândia.

Elsa Duarte e Maria José Ivo - Professoras de Português do 10º Ano

Nota: O presente texto está escrito de acordo com as novas regras ortográficas.
À direita em para saber mais, neste Blogue, está o link para um conversor de texto para as novas regras ortográficas..

10 de fevereiro de 2011

91C - Visita de Estudo ao Arquivo Municipal da Covilhã





No dia 9 de Fevereiro e no âmbito das disciplinas da área administrativa, os alunos da turma do CEF “Assistente Administrativo” – 91C, acompanhados pela professora Ana Paula Fernandes, realizaram uma visita de estudo ao Arquivo Municipal da nossa cidade.
Foram objectivos desta visita os seguintes:
• Observar a estrutura organizacional de um arquivo;
• Conhecer os recursos necessários à manutenção dos arquivos;
• Conhecer as condições ambientais e materiais exigidas para preservar e conservar os documentos arquivados;
• Compreender a funções de um arquivo;
• Observar os processos de classificação dos documentos;
• Contribuir para o enriquecimento cultural e social dos alunos;
Neste espaço, podemos observar a grande quantidade de documentos da cidade que ali se encontram guardados e conservados, para poderem ser consultados quando for necessário, nomeadamente:
• Documentos alusivos à evolução da cidade, relativos à abertura de estradas e construção de pontes;
• Livros de actas da Câmara que descrevem uma panóplia de assuntos, da vida económica;
• Registos dos mancebos;
• Correspondência trocada do município com o rei e depois com os governos da república;
• Pergaminhos em pele de cabra.

Observámos também as condições ambientais a que os documentos estão sujeitos de forma a estarem bem conservados.
Fomos muito bem recebidos e aproveitamos para agradecer à Câmara Municipal, pela disponibilidade que tiveram, em nos permitir realizar esta visita que foi muito proveitosa para os nossos alunos.


A professora: Ana Paula Fernandes

9 de fevereiro de 2011

Museu Virtual - Património Museológico da ESCM em destaque

Foi com bastante satisfação que ao visitarmos o museu virtual da Secretaria-Geral do Ministério da Educação - Património Museológico, através do site:
http://www.sg.min-edu.pt/pt/patrimonio-educativo/patrimonio-museologico-1/
Pudemos observar a primeira peça por nós inventariada em Outubro de 2008 no âmbito do Projecto “Inventário e Digitalização do Património Museológico da Educação” - Programa “Matriz” na exposição “Peça do Mês”.
A Peça do Mês é uma iniciativa do ME que pretende destacar, mensalmente, uma peça que integra a colecção de uma das escolas participantes neste Projecto.
Desta forma, vai-se divulgando parte do valioso e vasto património museológico que se encontra sob a tutela do Ministério da Educação.

As Professoras: Ana Paula Fernandes e Mª de Lourdes Faria

Outubro 2008

Equipamento Industrial

Escola Secundária Campos Melo

Tear de Jacquard

Altura: 3,18 m;
largura: 1,80 m;
profundidade: 2,30m

N.º de inventário: ME/401092/1

Tear de Jacquard, em madeira, é composto por um conjunto de cartões perfurados ligados uns aos outros por fios, constituindo uma “fita“ contínua que avança, cartão a cartão, sobre uma “estação de leitura“. Na “estação de leitura“, um conjunto de 400 agulhas metálicas cai sobre os cartões. A combinação de agulhas que passam através de uma perfuração e as que são impedidas de o fazer, por não existir a perfuração correspondente, constitui um código binário para executar uma dada operação. Para produzir novos padrões, o operador substitui um conjunto de cartões por outro. É utilizado na industria têxtil para fabricar tecidos com desenhos complexos, permitindo que o padrão seja incorporado no tecido e não impresso. A presença ou ausência de orifícios cria padrões no tecido pelo controle da maneira como os fios são levantados ou abaixados.

Esta peça foi adquirida pela escola para funcionamento nas aulas de Tecelagem, que tiveram início em 1885.

Breve historial
O Tear de Jacquard foi inventado, em 1804, por Joseph Marie Jacquard, mecânico de teares Lyon. Joseph Jacquard desenvolveu um sistema mecanizado de cartões perfurados com o desenho das estampas dos tecidos para controlar operações mecânicas, repetitivas e sequenciais, até então executadas manualmente pelos tecelões.


Diagrama esquemático do tear de Jacquard

Tear de Jacquard: sistema de cartões


Foi a primeira máquina programável e antecessora dos computadores modernos e o primeiro artefacto a usar, no início do século dezanove, cartões perfurados como dispositivos de entrada e armazenamento de programas.

É possível consultar a história da Escola Secundária Campos Melo (Covilhã), no site:
http://www.esec-campos-melo.rcts.pt/

Outubro de 2008

7 de fevereiro de 2011

Palestra "Psicologia da Felicidade"


Em tempos de crise, o psicólogo Pedro Alves, mestre em Psicologia pela Universidade do Minho e Life Coach expôs algumas ideias para uma vida próspera e feliz a longo prazo. A palestra decorreu na Biblioteca Municipal da Covilhã e os alunos dos cursos EFA tipo A, do 1º e 2º ano e EFA, tipo C, marcaram presença num auditório que se encontrava cheio.
Segundo o psicólogo, a felicidade e a riqueza, embora desejados por qualquer ser humano, são conceitos subjectivos na medida em que cada pessoa valoriza mais umas coisas em detrimento de outras. É importante ter uma visão a longo prazo, com um objectivo claro do que queremos alcançar, para não se andar à deriva nem ao sabor do momento. O caminho a percorrer na prossecução do nosso objectivo deve ser valorizado. O psicólogo incentivou a plateia a ter uma atitude pró-activa, a não serem conformados e saberem expressar gratidão pelos feitos que vão conseguindo. Numa sociedade que apela à insatisfação permanente através da publicidade e dos meios de comunicação social devemos estar atentos, reconhecer as oportunidades e aceitar o valor nos outros e naquilo que nos envolve. Este reconhecimento dos pontos fortes permite ter matéria para deitar mãos à obra. Se só se reconhecem defeitos ou aspectos negativos no que nos envolve é impossível a acção, pois ninguém se sente impelido para mudar alguma coisa.
No final, o psicólogo apelou à plateia para que reconheçam as suas potencialidades, os seus “diamantes interiores”, pois o maior recurso é aquilo que existe dentro de cada um, ou seja o que cada um é.
Para saber mais sobre o Projecto Ser Genial (que pretende treinar as pessoas para a Liderança, o Carácter e o Valor) consultar o endereço que se segue:
http://sergenialpt.blogspot.com/


O professor de STC (cursos EFA)
Steven Casteleiro

Testemunhos dos Formandos

Margarida Ribeiro: “ideias interessantes, têm alguma lógica mas acho que não trouxeram nada de novo pois todos sabem que não existe uma regra para se ser feliz… As pessoas não têm todas o mesmo objectivo”.

Aluna do curso EFA, tipo A 2º Ano

João Rodrigues: “gostei da palestra pois temos que acreditar no que queremos obter… acho que foi inspirador”.
Aluno do curso EFA, tipo A 1º Ano

Maria Castelo Branco: “a palestra foi muito interessante e realista… o psicólogo foi bastante optimista”.

Aluna do curso EFA, tipo A 2º Ano

Rita Dias: “adorei a palestra… valeu a pena…”

Aluna do curso EFA, tipo A 1º Ano

4 de fevereiro de 2011

(N)O caminho do Acordo Ortográfico - Partida

Até há dias era como se nada se passasse!




http://videos.sapo.pt/YTO3PIdeFaTbP7ffcy6Q (Com imagens da ESCM)


Entretanto, a decisão tomou a letra da lei:


Vamos pôr o Acordo Ortográfico a andar?

Foi esta a questão que as professoras da disciplina de Português do 10º ano se colocaram perante as dúvidas e interrogações dos alunos, dos colegas e de outros membros da comunidade educativa, já para não dizer da sociedade em geral.


E foi assim que decidiram planear um conjunto de iniciativas tendo em vista a divulgação da Revisão Ortográfica que, por lei, as escolas terão de aplicar no próximo ano letivo, 2011/2012, a par da introdução dos novos programas de Português no 7º ano.

Iniciamos, hoje, esse projeto com a primeira de uma série de postagens sob a epígrafe «(N)O caminho do Acordo Ortográfico» que asseguraremos até ao final do ano, prometendo, desde já, outras atividades para o Dia dos Departamentos, a realizar em 7 de abril próximo.

Para já, o caminho do Acordo faz-se por aqui, no BREVES e por ali, no blogue da BE.

As Professoras de Português do 10º Ano - Elsa Duarte e Maria José Ivo


Nota: O presente texto está escrito de acordo com as novas regras ortográficas.

1 de fevereiro de 2011

Jantar de Homenagem aos Professores e Funcionários aposentados

Sexta-feira passada foi noite de homenagem. Desta feita foram muitos os homenageados: Os professores: Ana Maria Boléo, Arménia Vieira, Daniel Runa, Gabriel Adriano, Margarida Moura e Joaquina Martins e as Funcionárias: Rita Fernandes de Almeida, Maria Alice Pinto, Maria Augusta Quintela e Maria de Fátima Rosa.O jantar esteve muito bem servido e foi até animado com as magias do nosso aluno José Miguel do 10ºH. Após o café o serão teve lugar no Auditório, com a tradicional entrega de lembranças aos homenageados e os discursos emotivos e carinhosos. Num ambiente/palco decorado harmoniosamente pela D. Cristina, a noite culminou com uma sessão de fados com a fadista e ex aluna da ESCM, Daniela Runa, filha de Daniel Runa, um dos homenageados da noite.
Foram momentos de alegria, emoção e alguma nostalgia por vermos partir da nossa Escola muitos dos queridos colegas e amigos que partilharam connosco tantos dias de trabalho.
Aqui fica um registo de alguns dos momentos da noite, com os votos de muita saúde para todos os aposentados.
Muito obrigada pela vossa dedicação, profissionalismo e presença tão marcante na ESCM e em cada um de nós.
Ana Maria Moura