TODA A PESSOA É UM INSTRUMENTO DE SI PRÓPRIA
A maior parte das vezes usamos “máscaras” sobre o nosso verdadeiro “eu”, e representamos papéis que disfarçam a nossa pessoa real. Somos fingidos e pouco ou nada autênticos, anulando o nosso autoconhecimento e destruindo a possibilidade de uma comunicação com os outros honesta e sincera.
Temos medo de revelar aos outros quem somos e tentamos fingir até para nós próprios. Temos medo da avaliação que os outros possam fazer de nós, de, por vezes, nos acharem fracos, ingénuos,” bonzinhos”, abusando da nossa simplicidade e da nossa bondade, o que nos leva, muitas vezes, a nem sequer tentar algo de novo, com o medo do fracasso.
Eu penso que ser “Pessoa” implica a capacidade de sair de nós mesmos, de nos colocarmos no lugar dos outros, de compreender os outros e não desenvolver atitudes de manipulação ou redução seja de quem for, devemos aprender a confiar nos outros, confiando em nós mesmos aprendendo a aceitar humildemente os nossos limites, para assim amadurecermos interiormente. Acredito que o Mundo só será melhor, quando cada ser humano tiver consciência de que o segredo está na qualidade interior de cada um e, portanto, na sua própria qualidade pessoal.
Aceitar o nosso lado negativo e imperfeito, como humanos que somos, exige de nós a autenticidade sem fingimentos; a sabedoria de uma autocrítica sincera diária, de quem sabe reconhecer e identificar os erros e as faltas, as omissões; a tolerância e a capacidade de canalizarmos as nossas energias positivamente no desenvolvimento dos nossos dons, cultivando os nossos talentos.
Só quem se aceita como é pode aceitar os outros como eles são, e não como gostaríamos que fossem, pois todos temos os nossos defeitos e as nossas qualidades, limitações. Aprender a viver uns com os outros na harmonia de quem sabe relacionar-se e de quem aceita aprender com os outros… sempre. Sermos suficientemente humildes para reconhecermos os nossos erros e aceitarmos os erros dos outros.
Na minha opinião, para uma relação ser saudável e harmoniosa não é necessário que duas pessoas pensem da mesma maneira, ou concordem com as ideias uma da outra, mas que saibam aceitar e respeitar a diferença e a liberdade de cada uma.
Devemos saber enfrentar as críticas dos outros, aprendendo com elas, mesmo que sejam injustas.
Sentimos um bem-estar e uma alegria interior tão grandes, quando chegamos á conclusão que fizemos algo de útil pelos outros! Quando ajudamos alguém, apesar de por vezes nos olharem com indiferença e desdém, sabendo aprender até mesmo com as injustiças! Que muitas vezes nos magoam no mais fundo de nós.
Para terminar esta minha introspecção e autocrítica sinceras, deixo este pequeno texto de Saint-Exupéry.
“A doação enriquece.
A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros na vida.
Nenhum encontro nosso deveria ser estéril, para aqueles que se aproximam de nós
Temos sempre algo a dar:
- Um pouco de alegria e muita esperança,
- Um pouco de verdade e muito optimismo;
- Um pouco de ânimo e acolhimento a este Mundo desnorteado, violento, de coração vazio, cansado de frustração e tédio.
Que eu nunca deixe partir, no mesmo estado em que encontrei, aqueles que de mim se aproximem.
Que, ao regressar, se sintam melhores, mais realizados, mais plenos e mais felizes.
Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo.”
Deixemos pois de ser o amigo invisível, para passarmos a ser o amigo bem visível, capaz de olharmos à nossa volta e transmitir um sorriso de alegria e de esperança a todos aqueles que se cruzarem no nosso caminho.
Nós não podemos mudar o Mundo, mas podemos sim mudar e melhorar um pouco o nosso pequenino mundo, o mundo que nos rodeia, o mundo da família, dos amigos, dos conhecidos, do nosso ambiente de trabalho, enfim o mundo da nossa Comunidade Escolar.
A todos,
*UM FELIZ ANO NOVO*