26 de abril de 2010

Primavera

Domingo
A FONTE

Com voz nascente a fonte nos convida
A renascermos incessantemente
Na luz do antigo sol nu e recente
E no sussurro da noite primitiva.



Segunda
GLÓRIA

Depois do Inverno, morte figurada,
A primavera, uma assunção de flores.
A vida
Renascida
E celebrada
Num festival de pétalas e cores.




Terça

Olhos postos na terra, tu virás
no ritmo da própria primavera,
e como as flores e os animais
abrirás as mãos de quem te espera.



Quarta

ANUNCIAÇÃO

Surdo murmúrio do rio,
a deslizar, pausado, na planura.
Mensageiro moroso
dum recado comprido,
di-lo sem pressa ao alarmado ouvido
dos salgueirais:
a neve derreteu
nos píncaros da serra;
o gado berra
dentro dos currais,
a lembrar aos zagais
o fim do cativeiro;
anda no ar um perfumado cheiro
a terra revolvida;
o vento emudeceu;
o sol desceu;
a primavera vai chegar, florida.



Quinta

FLORES

Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura.



Sexta

Das QUADRAS AO GOSTO POPULAR



Tome lá, minha menina,
O ramalhete que fiz.
Cada flor é pequenina,
Mas tudo junto é feliz.


Teu vestido, porque é teu,
Não é de cetim nem chita.
É de sermos tu e eu
e de tu seres bonita.


Andorinha que vais alta,
Porque não me vens trazer
Qualquer coisa que me falta
E que te não sei dizer?



Água que passa e canta
É água que faz dormir...
Sonhar é coisa que encanta,
Pensar é já não sentir.


Sábado

COMO O RUMOR

Como o rumor do mar dentro dum búzio
O divino sussurra no universo
Algo emerge: primordial projecto.

4 comentários:

Anónimo disse...

de quem é isto

Angel disse...

Depende de quem queira saber

EMD disse...

Quem quer que seja que deseja saber, acho que o leitor tem direito ao conhecimento da autoria.

Telmo disse...

Foi uma expiração filosofica do colaborador angel-12F